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Do Suicídio (Karl Marx)

Que sociedade é esta, de facto, em que se encontra a mais profunda solidão no seio de muitos milhões; em que se pode ser subjugado por um desejo irreprimível de se matar a si mesmo, sem que ninguém o adivinhe? Esta sociedade não é uma sociedade, é, como diz Rousseau, um deserto povoado por animais selvagens.

Texto invulgar na obra de Karl Marx, Do Suicídio (1846) teve uma génese também ela insólita. Nas suas leituras vorazes, o autor deparou com o capítulo «Du suicide et de ses causes» das memórias de Jacques Peuchet (1758-1830), diretor dos arquivos da Polícia de Paris, que documentara suicídios na capital francesa entre 1817 e 1824. Marx traduziu livremente para alemão, anotou e comentou passagens de Peuchet, neste surpreendente livro a quatro mãos. Revendo-se na conceção de suicídio como sinal de um meio social enfermo, Marx desvenda os mecanismos arbitrários que regem a vida privada, revelando despóticas relações na família, a sociedade patriarcal e a opressão das mulheres como fonte de eternas angústias e trágicos desfechos.

Mostruário de tiranias que, na sociedade e na família, convertem seres humanos em objetos e em propriedade alheia, Do Suicídio antecipa temas como a discussão do aborto e o feminismo, condenando mentalidades tradicionais e prisões duradouras que levam os indivíduos a desfazerem-se da própria vida.

Referência:20062767

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